As histórias que remetem à criação do Dia Internacional da
Mulher alimentam o imaginário de que a data teria surgido a partir de um
incêndio em uma fábrica têxtil de Nova York em 1911, quando cerca de 130
operárias morreram carbonizadas. Sem dúvida, o incidente ocorrido em 25 de
março daquele ano marcou a trajetória das lutas feministas ao longo do século
20, mas os eventos que levaram à criação da data são bem anteriores a este
acontecimento.
O primeiro Dia Nacional da Mulher foi celebrado em
maio de 1908 nos Estados Unidos, quando cerca de 1500 mulheres aderiram a uma
manifestação em prol da igualdade econômica e política no país.
Com a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) eclodiram ainda
mais protestos em todo o mundo. Mas foi em 8 de março de 1917 (23 de fevereiro
no calendário Juliano, adotado pela Rússia até então), quando aproximadamente
90 mil operárias manifestaram-se contra o Czar Nicolau II, as más condições de
trabalho, a fome e a participação russa na guerra - em um protesto conhecido
como "Pão e Paz" - que a data consagrou-se, embora tenha sido
oficializada como Dia Internacional da Mulher, apenas em 1921.
"O 8 de março deve ser visto como momento de
mobilização para a conquista de direitos e para discutir as discriminações e
violências morais, físicas e sexuais ainda sofridas pelas mulheres, impedindo
que retrocessos ameacem o que já foi alcançado em diversos países",
explica a professora Maria Célia Orlato Selem, mestre em Estudos Feministas
pela Universidade de Brasília e doutoranda em História Cultural pela
Universidade de Campinhas