O problema está no chamado "método científico" - que é adotado por todos os pesquisadores e foi proposto por Galileu Galilei no século 16. Em vez de simplesmente especular sobre as coisas, como se fazia até então, ele criou um procedimento mais rigoroso. São 4 etapas (veja acima), e só passando por todas é possível chegar a uma conclusão irrefutável. Só que a ciência, mesmo com todos os seus avanços, às vezes ainda tropeça em alguma delas. E o mesmo rigor racional que permitiu confirmar as verdades mais fundamentais do Universo, como as leis da física, torna impossível provar que determinadas crenças são falsas. Vire a página para saber por quê.
O método científico
Quer provar algo? Veja as etapas que é preciso atravessar.
1. Observação - Olhe o mundo e perceba alguma coisa notável, digna de análise. Precisa ser um fato concreto.
2. Pergunta - Escreva uma pergunta sobre esse fato. Por exemplo: o que ele é? Quais são suas causas?
3. Hipótese - Baseando-se no conhecimento científico atual, imagine a provável resposta dessa pergunta.
4. Experiência - Faça um teste em circunstâncias controladas. O resultado vai confirmar ou negar a hipótese.
5. Conclusão - Sim/Não
Coisas que a ciência não consegue provar
CONDIÇÃO ATENDIDA - Etapas superadas pelos cientistas.
CONDIÇÃO NÃO ATENDIDA - Momento em que a análise empaca.
Quer provar algo? Veja as etapas que é preciso atravessar.
1. Observação - Olhe o mundo e perceba alguma coisa notável, digna de análise. Precisa ser um fato concreto.
2. Pergunta - Escreva uma pergunta sobre esse fato. Por exemplo: o que ele é? Quais são suas causas?
3. Hipótese - Baseando-se no conhecimento científico atual, imagine a provável resposta dessa pergunta.
4. Experiência - Faça um teste em circunstâncias controladas. O resultado vai confirmar ou negar a hipótese.
5. Conclusão - Sim/Não
Coisas que a ciência não consegue provar
CONDIÇÃO ATENDIDA - Etapas superadas pelos cientistas.
CONDIÇÃO NÃO ATENDIDA - Momento em que a análise empaca.
Quando a gente morre acabou
CONDIÇÃO ATENDIDA - 1. Observação
CONDIÇÃO ATENDIDA - 2. Pergunta
CONDIÇÃO NÃO ATENDIDA - 3. Hipótese
CONDIÇÃO NÃO ATENDIDA - 4. Experiência
O corpo humano é feito de células. Quando elas morrem, você morre. Não existe alma nem reencarnação. Essa é a visão científica tradicional. Mas bilhões de pessoas acreditam em vida após a morte. Elas estão erradas? Não há como garantir que estejam. O fato é que a ciência não consegue provar que alma e reencarnação não existem, por um motivo simples: como testar algo que não deixa evidência palpável? Até hoje, ninguém conseguiu encontrar ou medir a alma das pessoas. E olha que isso já foi tentado. Em 1907, o médico americano Duncan MacDougall pesou 6 pacientes antes e depois da morte. Ele achava que, se a alma existisse, quando a pessoa morresse, ela sairia do corpo, deixando o cadáver com um peso menor que o indivíduo tinha quando estava vivo. MacDougall comprovou sua teoria. Mas, como ele mesmo admitiu depois, duas das medições estavam erradas - e um cadáver voltou a recuperar o peso. Novos testes foram feitos nas décadas seguintes, mas nunca provaram a tese. Estudos mais recentes sugerem que o cérebro pode gerar alucinações, em que a pessoa sai do próprio corpo, durante a morte (leia na página 22). Mas só porque a nossa mente cria ilusões de alma não quer dizer que ela de fato não exista. Sem testar a reencarnação em laboratório, é impossível provar que ela não é real.
Deus não existe
CONDIÇÃO ATENDIDA - 1. Observação
CONDIÇÃO ATENDIDA - 2. Pergunta
CONDIÇÃO NÃO ATENDIDA - 3. Hipótese
CONDIÇÃO NÃO ATENDIDA - 4. Experiência
Esta o biólogo inglês Richard Dawkins, um dos principais cientistas do mundo e líder de várias campanhas ateístas, adoraria dizer que pode provar. Afinal, dizer que alguma coisa acontece "por causa de Deus" é inadmissível para cientistas como ele. Porque essa é uma afirmação que, no fundo, realmente não explica nada. Mas é impossível provar que Deus não existe, porque o método científico só consegue testar a validade de hipóteses que, em tese, possam ser refutadas com provas. Se você levantar uma hipótese como "a Terra é quadrada", por exemplo, pode testá-la mandando uma nave espacial fotografar o planeta. É uma prova objetiva. Já com a existência de Deus, não é assim. Como conseguir provas? Onde procurá-las? Mesmo se fosse possível criar um teste para medir a existência de Deus, ele poderia optar por não aparecer - ou simplesmente fingir que não estava lá.
O problema para os pesquisadores é que a ciência, ao contrário da Igreja, não prova as coisas pela negativa. Quando o Vaticano quer provar um milagre, usa a ausência de provas em contrário - obtém laudos de cientistas dizendo que eles não conseguem explicar aquele fato. "Se os peritos afirmam que a ciência não pode explicar o acontecido, aquilo passa a ser reconhecido como intervenção divina", explica Luiz Carlos Marques, especialista em história religiosa da Universidade Católica de Pernambuco.
Para o método científico não funciona assim. Como os cientistas costumam dizer, a inexistência de provas não é uma prova de inexistência. A única coisa que a ciência pode fazer é afastar Deus do nosso dia a dia, explicando o Universo e as coisas de forma lógica e racional em vez de atribuí-las a fenômenos sobrenaturais. Mas isso não prova que Deus não existe, vai uma enorme distância. E, se Richard Dawkins não gostar, sempre pode tirar as calças e pisar em cima.
Óvnis não são reais
CONDIÇÃO ATENDIDA - 1. Observação
CONDIÇÃO ATENDIDA - 2. Pergunta
CONDIÇÃO ATENDIDA - 3. Hipótese
CONDIÇÃO NÃO ATENDIDA - 4. Experiência
Normalmente, quando alguém aparece com uma suposta foto de disco voador, o especialista consultado costuma ser um astrônomo. Eles conseguem refutar a esmagadora maioria das supostas aparições de óvnis (geralmente fraudes ou ilusões de ótica). Mas não conseguem descartar totalmente a questão. Tudo por causa do método científico. Quer ver? A primeira etapa, observação, transcorre sem qualquer dificuldade: existem, afinal, aparições de óvnis a ser estudadas. A segunda etapa, pergunta, também rola sem problemas. Basta formular a questão "as visitas de extraterrestres à Terra são reais?" Depois vem a hipótese: essas visitas não são reais porque as imagens são fraudes, ou apenas ilusões - existem certos fenômenos atmosféricos que podem produzir efeitos semelhantes aos de óvnis. Até aí, tudo bem.
O problema vem na etapa seguinte, a experiência. Não é possível fazer um experimento controlado com ETs. Nem sequer podemos prever quando os supostos discos voadores vão aparecer no céu. Sem experiência, não há conclusão - e não se prova nada.
Se os aliens apenas deixassem um sinal físico de sua existência - um pedaço de nave, que pudesse ser testado em laboratório para provar sua origem extraterrestre -, a questão voltaria ao alcance da ciência. "O mais frustrante é que, mesmo após milhares de avistamentos de óvnis, nenhum produziu evidências físicas que pudessem levar a resultados reprodutíveis em laboratório", diz o físico Michio Kaku, da Universidade da Cidade de Nova York.
Não vivemos na Matrix
CONDIÇÃO NÃO ATENDIDA - 1. Observação
CONDIÇÃO NÃO ATENDIDA - 2. Pergunta
CONDIÇÃO NÃO ATENDIDA - 3. Hipótese
CONDIÇÃO NÃO ATENDIDA - 4. Experiência
O filósofo francês René Descartes, no século 17, estabeleceu as bases do racionalismo. Ele começava duvidando de tudo, e depois ia restabelecendo as verdades com base na razão. As 3 conclusões a que chegou, que serviram de base a todo o resto, são bastante conhecidas: "Penso, logo existo", "Deus existe" e "o mundo existe". É sempre chato desapontar um gênio como Descartes, mas é muito difícil justificar cientificamente essas conclusões. Começando pela que talvez pareça mais óbvia: o mundo existe. O que nos garante que o mundo existe de verdade - e não é apenas uma simulação criada por computadores ou pelos nossos sentidos, como no filme Matrix? Nada. É impossível provar cientificamente que essa ilusão, a Matrix, não existe. E isso acontece porque o método científico é freado já em sua primeira etapa: a observação. Nós observamos o mundo a partir dos nossos sentidos: visão, olfato, paladar, tato e audição. Só que eles nos enganam. Se estamos assustados, por exemplo, podemos ouvir barulhos que não existem. E, principalmente, não temos acesso direto à realidade - nossas sensações são produzidas pelo cérebro, que recebe e interpreta sinais e transforma o resultado em algo acessível pela consciência. Ora. Se o ser humano não consegue observar o mundo sem passar por esse filtro, não tem como provar se ele é real ou apenas uma ilusão. "E se a nossa civilização atingisse um estágio pós-humano [muito avançado] e começasse a rodar simulações de épocas anteriores? Como podemos saber se não estamos numa dessas simulações?", pergunta o filósofo Nick Bostrom, da Universidade de Oxford. Ele tem razão. Cientificamente, nada garante que não estejamos vivendo dentro da Matrix.